sábado, 28 de fevereiro de 2009

Perceber-me.



Quando olho para mim não me percebo

Tenho a mania de sentir
Que me extravio as vezes ao sair.
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade , sinto o que sinto.Eu
Serei tal qual pareço em mim ?

Serei tal qual me julgo verdadeiramente ?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

(Fernando Pessoa, Obra Poética)

Como me sinto.

Exatamente como me sinto, em todos os dias que amanheço. Busco me perceber, dar nome ao que sinto e me fazer entender.
Para me perceber tenho que abstrair das opiniões alheias de quem julga o que vê; Afinal em verdade sou o que sinto, e se ninguém vê o que sinto, então ninguém sabe quem sou logo ninguém deveria me julgar.
Se fores capaz de compreender o que te digo, então és expectador do meu sentir, e personagem do teu, ainda que não saibas. Mas se sentes como eu sinto o que te digo, és espelho a mim, tens Alma.
Peço por favor que me ajude a julgar esse sentimento, para que eu não só o viva, mas para que haja explicação a quem não sente.

(Carlos Casanova)

2 comentários:

Unknown disse...

ótima postagem! belas palavras as suas e as do Pessoa, claro.

abraços

Daniele Fernandes disse...

Não sei se perceber-me é realmente possível, tento e cada vez mais acredito que o auto conhecimento esteja tão distante de mim quanto o homem está relamente para a fé.